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ANA VIEIRA
978-972-21-1892-7
Ana Vieira diz que não percebia o que era a pintura: que esta não lhe podia servir nem de veÃculo nem de meio de expressão porque não sabia lidar com ela. Este desconforto de alguém que terminou o curso de Pintura da Escola de Belas-Artes de Lisboa no ano de 1964 pode fazer-nos pensar, como já aconteceu na recepção crÃtica do seu trabalho, que se trata de um percurso que se iniciou a partir de uma reacção à quela disciplina, originária talvez num determinado tipo de formação académica recebida. No entanto, mais correcto será referirmo-nos a uma revolta em relação aos modos e usos da pintura, como bem mencionou Maria Filomena Molder no catálogo da antologia dedicado a esta artista, a qual teve lugar na Casa de Serralves em 1999. É então necessário que nos lembremos que a palavra revolta, para além de um movimento de insubmissão, contém também um movimento de retorno, de memória, e por isso também de possibilidade, de conhecimento. Na situação que nos interessa, do conhecimento, não do modo concreto de como a pintura tinha existido até ali, mas das potencialidades que a própria pintura, como prática representativa, desenvolveu ao longo da sua história e que estavam ainda por ser activadas.