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ANARQUIA DOS VALORES, A
972-771-051-4
«Todas as sociedades conheceram crises de valor, pela simples razão de que uma sociedade evolui, porque novos problemas surgem e as mentalidades mudam. Assim nunca podemos voltar aos valores de outrora. Vamos dizer crise de valores porque os valores de hoje não são mais os de ontem. Tomemos o exemplo de um valor muito marcante, a poupança. Hoje já não tem a importância capital como o teve nas sociedades rurais agrÃcolas. Hoje, com a segurança social, os seguros, o tipo de capitalismo que vivemos, a poupança perdeu o seu sentido. É um valor que soçobra. Ora isto não quer dizer que outros valores não tenham surgido. «Crise de valores» seria, assim, uma expressão excessiva, como se o conjunto do edifÃcio dos valores se desmoronasse e nos encontrássemos perante um monte de ruÃnas. Existem outros valores que surgem. Sou sensÃvel ao valor da solidariedade [...]. Existem, também, valores de relação afetiva, entre o homem e a mulher, que não existiam e que não podiam existir na sociedade agrÃcola de outrora. É um valor que tem a sua força e a sua fraqueza mas, no entanto, é um valor positivo [...] A ideia de A Anarquia dos Valores é a ideia de que os valores não respondem a um princÃpio único, que são contraditórios. Existe uma anarquia de valores dentro da qual nos temos de reencontrar e dar-lhe um pouco de ordem. É a liberdade, claro está, que nos pode ajudar, apoiando-se na fé religiosa porque estamos perante contradições. É necessário acolher os estrangeiros e, ao mesmo tempo, conseguir manter a coesão social e nacional. Nota-se, efetivamente, aqui uma contradição. A grande tarefa é a reestruturação pessoal das liberdades. A meu ver é claro que uma perspetiva religiosa, uma fé, permite encontrar referências que evitarão derivar para uma espécie de incoerência.»
Paul Valadier, L`Ami du Peuple
«... O autor vê nos sofistas os precursores da abordagem moderna dos valores, ressuscitando, assim, o debate entre Protágoras e Sócrates-Platão. Mas transpõe-no para o seio da nossa cultura moderna, esgrimindo com Richard Rorty, um dos representantes do pragmatismo americano. Perante este relativismo moral conduzindo à desvalorização do universal, o autor não cede à tentação de um retorno a uma transcendência como garante da vida justa. Paul Valadier não se engana na época. Para ele, se a referência religiosa é pertinente, apenas o é como «suscitação da liberdade». Ela não vem substituir-se a uma liberdade enfraquecida. Mostrando a direção a seguir e a observar, age mais como motor das responsabilidades a assumir. Ela quer-se implicação na história confrontada com a existência acabada e não garantida num além da implicação terrestre. [...] Longe de ser um debate abstrato, reservado a alguns especialistas da especulação, coloca-nos no coração da atualidade da controvérsia...»
Rémy Hebding, Reforme