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«A duas espécies de leitor se dirige a antologia presente: à quele cuja disponibilidade é escassa e que não pode, portanto, consagrar à poesia tanto cuidado como pediria o seu desejo; e à quele que, podendo fazê-lo, reclama sua vida espiritual comércio mais seguido. A este último servirá ela para o acompanhar em suas andanças, sem prejuÃzo de uma leitura mais profunda que só a totalidade da obra consentirá. Leitura essa compatÃvel apenas com o recolhimento do escritório e com o volume dela.
A antologia, em si, pecará por onde pecam todas – pela sua falibilidade que o tempo só, acaso, poderia corrigir. E o leitor, segundo o seu próprio critério. Não o primeiro acima considerado. Esse terá de confiar no autor. O segundo, não. Nada o impede de o chamar à pedra.
Que nem o dele e para ele terá carácter definitivo. Não só porque subsistiram dúvidas primeiras, mas ainda por, mesmo inconscientemente, se desencontrarem critérios. Como saber, por exemplo, se a escolha de tal poema obedece ao seu conseguimento singular, ao momento singular dessa eleição, ou, até, ao lugar crucial que talvez lhe caiba na estrutura do livro de onde foi retirado? São dúvidas inerentes a qualquer antologia, mesmo se o próprio autor a assina.
O menos discutÃvel, no caso, talvez sejam as dimensões do volume, dado o fim para que foi concebido – objecto de meter e tirar do bolso conforme o ritmo e a meditação da leitura. Aqueles contados leitores que frequentam a poesia sabem, por experiência, quanto esse ritmo é importante. Neles se pensou. Com esses poucos ficamos».