ARTES DE CURA E ESPANTA MALES

Residente ainda hoje no Museu da Música Portuguesa, este notável espólio - recolhido por Michel Giacometti, organizado em 5500 fichas de doenças - foi, pelo entusiasmo e trabalho de Miguel Magalhães, Ana Paula Guimarães e Ana Gomes de Almeida, preparado, classificado e exposto perante olhares de médicos especialistas, poetas, artistas, investigadores e professores: afinal, gente com vontade de conhecer e comentar, como impulsivamente lhes apetece, os textos de rezas, ladainhas, provérbios e orações (frequentemente com ervas, às vezes através de pedras ou animais) para espantar males de, por exemplo, tensão arterial, hemorróidas, gangrena, brotoeja, raquitismo, halitose, anorexia, leucorreia, anemia, coqueluche, nefrite, ciática, apolexia, doenças dos olhos, tumores, epistaxis, fracturas, fogagem, bronquite, insónias, cãibras, blenorragia, picadas de abelhas, hemorragias, piolhos, afrontas, espigas das unhas...

Mezinhas para curar malezas? Artes de cura e espanta-grandes-males? Ao leitor apetecerá decerto envolver-se nestas receitas desaconselhadas hoje em dia, mas concebidas, porventura, há milhares de anos e transmitidas de geração em geração, manifestando secretas crenças relativas ao corpo e à doença.