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ATAQUE AOS MILIONARIOS, O
978-989-626-528-1
Os sindicalistas que assumiram o controlo do Banco EspÃrito Santo deixaram o momento registado no livro de honra da instituição com letras maiúsculas: «AQUI ACABOU O DOMÃNIO DOS CRIMINOSOS MONOPOLISTAS, INIMIGOS DO POVO E DA REVOLUÇÃO - 11/3/75 ÀS 14 HORAS».
Estava prestes a entrar em acção o tenente Rosário Dias, assessor económico do primeiro-ministro. «Tenho informações de que neste momento os administradores do Banco EspÃrito Santo estão reunidos e vou lá prendê-los», anunciou. Começou assim a vaga de prisões que atingiu as famÃlias EspÃrito Santo, Mello e Champalimaud, transformadas em alvos do poder revolucionário por terem apoiado o Estado Novo e por terem enriquecido com o regime. Foi criado no paÃs um ambiente generalizado de ódio aos ricos. Ãlvaro Cunhal, lÃder do PCP, admitiu na altura: «Tem que se fazer contra alguém uma revolução (…) Se é para pôr outra vez os patrões à frente das empresas, nós dizemos não. Queremos que não haja uma recuperação pelos Champalimaud e pelos Mello». O objectivo foi atingido: as nacionalizações começaram a ser discretamente preparadas nos bastidores muito antes de terem sido oficialmente decretadas; e o gabinete de Vasco Gonçalves elaborou uma lista com 305 nomes de altos quadros dos bancos que não podiam sair do paÃs e ficaram com as contas bancárias sob vigilância. A Revolução de 1974/1975 é uma das páginas mais fascinantes da História contemporânea de Portugal: permitiu pôr fim à ditadura, à repressão da polÃcia polÃtica e à censura. Mas teve um lado controverso de excessos e perseguições. Com base em três dezenas de entrevistas e em documentos, na maioria inéditos, conservados numa dezena de arquivos, o jornalista Pedro Jorge Castro reconstitui neste livro a forma como as famÃlias mais ricas viveram a Revolução que há 40 anos sacudiu Portugal.