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CANTOS DO CREPUSCULO
978-989-689-038-4
A poesia permite¬ lhe [a Adelino Torres] olhar o mundo e a si próprio sem peias nos olhos, sem que, nesses actos de maior liberdade, despreze, por assim dizer, a ciência e o que ela poderá importar de positivo para a condição humana e para o mundo: “Arte, filosofia, ciência / dão forma ao equilÃbrio do universo / onde a palavra é a própria criaçãoâ€, diz nos primeiros versos do poema “Visãoâ€, incluÃdo na presente antologia. O espÃrito cientÃfico é, a par do racionalismo, um tema recorrente na poesia contida nesta e noutras antologias. “A verdade não é um resÃduo / do saber esquecido / mas a substância vaga / do saber que não virá / pelos caminhos trémulos / dos deuses domadores de sombrasâ€, escreve num poema dedicado à problemática do terrorismo islamita. O livro está dividido em duas partes, “Cantos do crepúsculo†e “Ironiasâ€. A primeira dá tÃtulo ao livro, cujos poemas expressam, no seu conjunto, o olhar amadurecido, por vezes amargurado, de alguém que se acha no crepúsculo da vida; é um olhar que incide sobre o que o rodeia, mas também sobre si próprio, no sentido em que dificilmente o Ãntimo, o eu do sujeito que observa e participa é separável do mundo objectivo, do mundo que lhe é, em princÃpio, exterior.