CASA DA LUZ E DA SOMBRA, A

A Casa da Luz e da Sombra, de Nicholas Griffin, transporta-nos até à Londres setecentista, uma cidade ainda em recuperação do grande fogo e da epidemia de peste que a tinham assolado na segunda metade do século XVII.
O leitor encontrará aí dois médicos que permanentemente se movem nos limites, sempre ambíguos, da moral, e que aceitam por vezes ultrapassá-los na sua ânsia de progresso científico.
E com tal mestria reconstitui o autor o ambiente próprio da época, a animação das ruas da cidade, as preocupações que efectivamente movem as personagens, os mundos paralelos do bas-fond e das camadas bem-pensantes, que os leitores e a própria crítica se lhe têm rendido sem reservas.
A obsessão com o progresso da medicina leva, com efeito, Sir Edmund Calcraft, um eminente e muito celebrado anatomista, e Joseph Bendix, o seu ambicioso discípulo, a jogar um jogo perigoso com o próprio mundo do crime.
E no coração deste romance há ainda uma estranha história de amor que ao mesmo tempo alimenta e ameaça destruir a tarefa comum destes dois homens.
Entre prisões e manicómios, e desde os laboratórios de anatomia à quase mágica Feira do Gelo no Tamisa, os dois vão assim competir um com o outro, cerebral e apaixonadamente.
E ao pôr em cena personagens tão reais como o afamado Jonathan Wild, verdadeiro mestre entre os marginais da cidade, ou o escritor Daniel Defoe, sempre pronto a transformar a desgraça alheia em intriga e maledicência.
A Casa da Luz e da Sombra afirma-se como uma extraordinária narrativa, onde se misturam, em partes iguais, a história, o mito, a medicina e a imaginação.