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CHAMA IMENSA, A
978-989-671-062-0
«Eu digo‑vos qual é o principal problema de ser do Benfica: é muito difÃcil ser grande. Dá muito trabalho ser um colosso. Um gigante está sempre tramado: se ganha, é um acaso normal a que ninguém liga; se perde, é uma catástrofe que todos assinalam. O leitor lembra‑se da história de David e Golias? Vá lá buscar a BÃblia, que eu espero. Veja aÃ, no Livro de Samuel, se eu não tenho razão para simpatizar mais com o gigante do que com o pastor. Golias era um gigante fabuloso, imbatÃvel. Ganhou, de certeza, inúmeros combates antes do que aà vem descrito. Que se saiba, só perdeu um. Pois é exactamente esse que vai parar ao maior best‑seller de todos os tempos. Azar, não? Hoje percebemos que a luta era desigual e injusta para Golias. O maior adversário era o dele. Golias lutava contra o seu próprio medo (que, por ser o medo de um gigante, é igualmente gigante) e contra a História. David combatia apenas um simples gigante.
Com o Benfica sucede o mesmo. Num jogo como o de ontem, contra a Naval, é o Benfica que parte em desvantagem. Está a lutar contra a memória, contra o futuro, contra a própria Derrota, com "D" grande — e contra 11 sacanas vestidos de verde, que isto não pode ser só poesia. Quem é mais forte? Toda a História ou um pobre gigante indefeso? Eu, como tendo a ficar do lado dos mais fracos, nestes casos torço sempre pelo gigante. Para mim, ser do Benfica é um imperativo ético.»