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CHARNECA EM FLOR
978-972-33-2716-8
No imaginário feminino português, Charneca em Flor celebra um ultrapassamento literário: a ruptura com o estereótipo de mulher imposto pelo patriarcado. A partir daqui, a dor e as Saudades (dotes de mulher) são já um fantasma que ela vê passar pelas vielas de Évora, na figura evanescente da Menina e Moça que fora. Revisitando agora a sua origem alentejana, a nossa investida Sóror Alcoforado (antiga Dama de Bernardim e mÃstica Dona de Garcia de Resende) despe a mortalha e abandona a clausura para, em comunhão telúrica, abrir-se em flor - impulso que, desejo erótico, é também pulsão de morte. Todavia, dentro desse paradoxo, Florbela se experimenta (em voo livre do regional para o nacional) avatar feminino de Camões. E deste modo mergulha em definitivo na fonte mesma do soneto - forma fixa que passara a vida a ajustar a fim de torná-la mais condizente ao seu género. Afinal, no seu espartilho poético, o soneto não lembra a cela, da qual toda a mulher se quer evadir?! - Maria Lúcia Dal Farra