16.15 €
CLEPSIDRA
972-37-0795-0
«Não é mais possÃvel dar crédito a todas as fábulas que se fizeram sobre a pouca preocupação de Pessanha com os seus poemas e com a publicação dos mesmos. Mas também não se pode ignorar que ele pouco se ocupou da publicação da Clepsydra, e que a sua responsabilidade nela é quase nula. Talvez não fosse preciso, mas lembremos ainda uma vez as condições em que o livro foi publicado: Pessanha deixou em Lisboa apenas uma pequena colecção de versos autógrafos reproduzidos «de memória» a que se juntaram textos outros de vária procedência para compor o volume, pois, segundo Castro Osório, o poeta nunca enviou os que teria prometido enviar. Tampouco se sabe que textos seriam esses que enviaria: se a versão definitiva dos que transcrevera ou se outros poemas, de que não se recordava por inteiro em 1916. Além disso, ao que tudo indica Camilo Pessanha nunca discutiu epistolarmente a edição e seguramente não viu provas — sendo-lhe enviados alguns exemplares do livro pronto, cujo recebimento acusa na carta acima transcrita. A edição de 1920, portanto, não tem exactamente o mesmo estatuto de um qualquer texto publicado em vida de um escritor, no sentido de ser a lição autorizada e a expressão da vontade de quem o escreveu. Pelo contrário, sabemos que, pelo menos quanto à ordenação de alguns poemas, a Clepsydra de 1920 não era fiel à vontade do poeta, expressa nas indicações de conjunto e sequência presentes nos autógrafos.» Da Introdução