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CONSPIRACAO, A
989-616-066-X
Introdução de Umberto Eco
Will Eisner, o grande mestre da banda desenhada americana, concluiu A Conspiração no seu último mês de vida, considerando-a a obra mais poderosa de toda a sua carreira. Profundamente perturbado pelo facto de os Protocolos dos Sábios de Sião - um alegado plano de domÃnio mundial escrito por lÃderes judeus - continuarem a ser publicados e distribuÃdos em todo o mundo, Eisner esperava que o seu relato gráfico desta injuriosa fraude pudesse alcançar uma audiência muito mais alargada do que a de qualquer obra académica sobre o assunto.
Nesta história extraordinária, Eisner leva o leitor numa viagem que tem inÃcio na Paris de finais do século XIX, onde um agente da polÃcia secreta russa plagia uma velha obra filosófica francesa, fabricando um documento com o qual se pretendia provar a existência de uma conspiração judaica contra a civilização cristã. Concebido como um esquema anti-semita para desviar as atenções do regime repressivo do czar, o texto dos Protocolos foi inicialmente publicado na Rússia em 1905. E o sucesso da falsificação superou em larga medida as ambições propagandÃsticas dos seus criadores.
Mais tarde, enquanto a I Guerra Mundial engolia a Rússia e a maior parte do mundo ocidental numa conflagração mortÃfera, a mentira tornou-se uma verdade internacionalmente aceite. Nem mesmo o venerável Times londrino, que em 1921 expôs os Protocolos como uma grosseira fraude, conseguiu pôr cobro à s publicações do panfleto, que em breve se sucediam em dezenas de paÃses.
Apresentando um cortejo de figuras históricas que incluem, entre muitos outros, o czar Nicolau II, Adolf Hitler e Henry Ford, Eisner retrata poderosamente a ascensão do pensamento anti-semita moderno à luz da disseminação dos próprios Protocolos. Escritos durante o auge do Caso Dreyfus, que dividiu profundamente a França na viragem do século, os Protocolos, como revela Eisner, foram rapidamente adoptados por numerosas organizações, partidos e religiões racistas, como os nazis, o Ku Klux Klan ou os fundamentalistas islâmicos. Contudo, apesar das denúncias periódicas da natureza fraudulenta do documento e das recentes revelações divulgadas pela imprensa francesa, os Protocolos continuam a ser publicados por todo o mundo árabe, asiático e europeu.
Infelizmente, Eisner faleceu antes de poder aferir se a sua obra gráfica teria o efeito correctivo que as anteriores denúncias e relatos não conseguiram ter. A sua esperança era que A Conspiração pudesse ajudar "a cravar mais um prego no caixão desta aterradora, vampÃrica fraude."
ConcluÃda no último mês de vida do autor, A Conspiração foi a primeira obra gráfica de temática histórica de Will Eisner.
«Uma obra mais perturbante que a ficção assinada pelo criador das graphic novels.»
(New York Times)
«[Will Eisner] inspirou várias gerações de cartunistas.»
- Art Spiegelman
WILL EISNER, que faleceu a 3 de Janeiro de 2005, «possuÃa uma espantosa compreensão da condição humana e a alma de um verdadeiro lutador», segundo afirmou Paul E. Fitzgerald do Washington Post. Nascido em Nova Iorque em 1917, Eisner foi um dos grandes pioneiros da arte gráfica do século XX. Criador da lendária série de BD The Spirit, Eisner lançou o género da graphic novel com a publicação do seminal Contract With God, em 1978. Os mais importantes prémios anuais da indústria da banda desenhada receberam o nome de «The Eisners» em sua honra.
UMBERTO ECO, que escreveu a introdução a este livro, nasceu em 1932 em Alessandria, Itália. É autor de best-sellers internacionais como O Nome da Rosa e A Ilha do Dia Anterior, bem como de diversas colectâneas de ensaios. Vive em Milão.
STEPHEN ERIC BRONNER, autor do posfácio histórico, é professor de ciência polÃtica na Rutgers University. Os seus muitos livros incluem A Rumor about the Jews: Antisemitism, Conspiracy, and the Protocols of Zion (Oxford University Press) e Reclaiming the Enlightenment: Toward a Politics of Radical Engagement (Columbia University Press).