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CULPA E DO MAESTRO, A
972-21-1721-1
A vida musical portuguesa na última década do século XX oscilou entre momentos de trevas e momentos de euforia, entre a destruição intencional das orquestras e ópera nacionais e a exuberância de uma oferta artÃstica cosmopolita. Para um povo de memória curta como é o lusitano, reviver esse passado recente através da crÃtica de Alexandre Delgado é uma forma de compreender o lugar da música erudita no pulsar de uma nação, enquanto barómetro da sua vitalidade cultural. Mais do que uma viagem de curiosidade a um fin-de-siècle que nos diz respeito de tão perto, com o seu desfile de divas e maestros, de solistas, orquestras e compositores, trata-se de aprofundar o próprio significado das manifestações musicais e das polÃticas culturais. Num estilo acutilante e quantas vezes hilariante, o Autor mostra bem, contrariamente ao sugerido no tÃtulo, que nem sempre a culpa é do maestro, no que de pior e de melhor ocorre nos pequenos e grandes palcos de Portugal.
EXCERTO:
Aliando a perÃcia da escrita à perÃcia do compositor e do intérprete — coisa rara, na nossa história musical, com precedentes em Lopes-Graça e Peixinho —, [Alexandre Delgado] é tão fracturante, nas suas intervenções crÃticas, como eles. Mas daà também a importância do seu contributo para a dinâmica da esfera pública, no campo musical.
Mário Vieira de Carvalho (prefácio)