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DIALOGO SOBRE A CIENCIA E OS HOMENS
Ciencia Aberta nº 192
978-989-616-458-4
Diálogo sobre a ciência e os homens é uma conversa informal entre dois grandes vultos da cultura cientÃfica - um quÃmico escritor e um fÃsico - que se conheceram bem: Primo Levi e Tullio Regge. Diálogo de mestres e, portanto,diálogo também de erudições: ciência, necessariamente, mas ainda história, literatura, linguÃstica e polÃtica.Pleno de surpresas, curiosidades, confissões e humor, este livro constitui um registo biográfico de dois homens cujas vidas riquÃssimas e pródigas em acontecimentos extraordinários iluminam uma época, nas suas vertentes humanÃstica e cientÃfica.
A presente edição inclui um texto de homenagem de Tullio Regge a Primo Levi, escrito após a morte deste.
«Para mim, a experiência universitária foi libertadora. Ainda recordo a primeira aula de QuÃmica, do professor Ponzio, na qual obtive informação clara, precisa, verificável, sem palavras inúteis, expressa numa linguagem que eu apreciava imenso, até de um ponto de vista literário:uma linguagem precisa, essencial. E, depois, o laboratório:todos os anos tinham o seu laboratório.Passávamos lá cinco horas por dia; era uma bela obrigação,uma experiência extraordinária. Em primeiro lugar, porque trabalhávamos com as mãos,literalmente,e foi a primeira vez que isso me aconteceu,sem nos importarmos se as escaldávamos ou cortávamos. Era um regresso à s origens. A mão é um órgão nobre, mas a escola, toda preocupada com o cérebro, tinha-a desprezado. E, além disso, o laboratório era colegial, um centro de socialização onde verdadeiramente fazÃamos amigos. De facto, mantive amizade com todos os meus colegas de laboratório.Era um trabalho de grupo, que, na escola precedente,era desconhecido[...]. É uma experiência fundamental,cometer erros em grupo.»
Primo Levi (pp.49-50)
«Para mim, a música tem a ver com algum tipo de elementos inconscientes. Os fÃsicos,mas não só, preferem Bach. Não me sinto capaz de explicar ou quantificar esta preferência: o que é que a profissão de fÃsico possa ter a ver com a música de Bach, eu realmente não sei. Talvez um certo ritmo natural, ou talvez, como tem sido repetido há anos,a construção bachiana seja matemática. Talvez lá no fundo Bach tenha tido intuições de um tipo matemático [...]. Não posso passar sem música, mas não saberia relacioná-la explicitamente com a minha profissão. Certo é que,se pudesse reencarnar, escolheria ser músico.»
Tullio Regge (pp. 91-92)