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EXPERIENCIAS A DERIVA
978-989-623-167-5
«Este livro reúne textos de investigação em diferentes áreas cientÃficas sobre experiências limite, de crise, situações-abismo ou de fronteira, para citar algumas das fórmulas consagradas pela literatura existente, e os processos pelos quais o seu sentido se constrói, é fixado e partilhado. As suas formas históricas são variadas, surgindo habitualmente como mÃsticas, devocionais, patológicas, de loucura ou de doença mental.
A primeira parte deste volume apresenta uma série de estudos historiográficos que, incidindo em diferentes momentos e contextos, evocam esta diversidade. O seu arco temporal estende-se da transição entre o mundo medieval e a modernidade no século XV, momento de irrupção de movimentos mÃsticos e de novas conceções do indivÃduo, nas quais se reforçaram os imaginários da interioridade, e o inÃcio do século XX, perÃodo em que uma psiquiatria fortemente naturalizante reescreveu, em linguagem médica, as paixões e patologias da alma. (...)
No entanto, até à hegemonia do pensamento médico, verificou-se, em modalidades diversas, um certo nÃvel de indecisão: entre o divino, o demonÃaco e a doença, como repartir causas, manifestações e efeitos da experiência da crise? (...)
Ainda que se verifique invariavelmente uma tentativa de inscrição religiosa da experiência, falamos, por isso, não de experiências religiosas, mas de experiências à deriva, isto é, em busca de uma significação e de um reconhecimento, que se revelam sempre difÃceis de obter, e sujeitas, no seu processo de inscrição social, a uma pluralidade de determinações (religiosas, médicas, jurÃdicas, polÃticas).
A segunda parte deste volume apresenta um prisma multifacetado com o qual se complementa a observação histórica anterior. As suas faces são a filosofia da religião (Carlos H. Silva), uma sociologia histórica de inspiração psicanalÃtica (Pierre-Henri Castel), a história da psiquiatria e da psicanálise (Denis Pelletier), a psiquiatria (Marco Paulino), e a sociologia da psiquiatria (Françoise Champion). A partir da contemporaneidade, alguns artigos lançam um olhar retrospetivo sobre séculos passados. Porém, o enfoque é aqui prioritariamente o da atualidade desta problemática, quer no campo das experiências, quer no dos saberes e instituições.»
Da Introdução de Tiago Pires Marques