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FELICIDADE PARADOXAL, A
978-972-44-1354-9
Numa sociedade em que a melhoria contÃnua das condições de vida materiais praticamente ascendeu ao estatuto de religião, viver melhor tornou-se uma paixão colectiva, o objectivo supremo das sociedades democráticas, um ideal nunca por demais exaltado. Entrámos assim numa nova fase do capitalismo: a sociedade do hiperconsumo.
Eis que nasce um terceiro tipo de Homo consumericus, voraz, móvel, flexÃvel, liberto da antiga culturas de classe, imprevisÃvel nos seus gostos e nas suas compras e sedento de experiências emocionais e de (mais) bem-estar, de marcas, de autenticidade, de imediatidade, de comunicação.
Tudo se passa como se, doravante, o consumo funcionasse como um império sem tempos mortos cujos contornos são infinitos. Mas estes prazeres privados originam uma felicidade paradoxal: nunca o indivÃduo contemporâneo atingiu um tal grau de abandono.