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HOMEM SEM QUALIDADES, O VOL2
978-972-20-3008-3
"Esta é uma obra singular e única no panorama da ficção do século XX. Mais do que um romance, ""O Homem sem Qualidades"" é o maior projecto romanesco, deliberada e quase necessariamente inconcluso e inconclusivo, da literatura do século passado. Um rio sem limites nem margens, que não desagua em nenhum mar conhecido, objecto inclassificável, para lá do literário e da ficção. No momento da morte inesperada de Musil em 15 de Abril de 1942, no exÃlio de Genebra, O Homem sem Qualidades é verdadeiramente o livro por vir, aquele cuja essência no seu protagonista acentrado, no processo da sua génese, no cerne do seu pensamento é a de um laboratório de possibilidades que o transformarão na obra aberta por excelência e na tarefa criadora [mais] desmedida da história da literatura moderna. O Homem sem Qualidades será, durante mais de duas décadas, a obra em processo de criação e transformação que se autonomiza e se impõe de forma obsessiva e implacável ao próprio criador, aprendiz de feiticeiro que a controla cada vez menos à medida que ela se vai transformando numa rede rizomática de possibilidades de crescimento e de perspectivas de finalização sempre adiada, que parece querer reflectir o próprio feixe aleatório de possibilidades que é aquilo a que chamamos realidade. Se a ironia é neste livro, como diz Blanchot, um dom poético e um princÃpio de método que modula, não apenas a palavra mas também a própria composição romanesca, na oposição contrapontÃstica permanente e irresolvida entre a exactidão e a alma, a reflexão e os sentimentos, o indivÃduo em busca de si e o mundo dos factos (nas vésperas da Primeira Grande Guerra), essa mesma ironia haveria de determinar todo o acidentado e contraditório processo de génese e de publicação deste objecto literário esquivo que, ao contrario do que frequentemente se tem dito, será mais um não-romance do que um anti-romance."