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IN NOMINE DEI
978-972-21-2394-5
Entre o homem, com a sua razão, e os animais, com o seu instinto, quem, afinal, estará mais bem dotado para o governo da vida? «Não faz sentido?» «Se os cães tivessem inventado um Deus, brigariam por diferenças de opinião quanto ao nome a dar-lhe, Perdigueiro fosse, ou Lobo-d`Alsácia? E no caso de estarem de acordo quanto ao apelativo, andariam, gerações após gerações, a morder-se mutuamente por causa da forma das orelhas ou do tufado do seu canino Deus?» «Estas considerações podiam ser tomadas como ofensivas, mas José Saramago trata de se defender: «Não é culpa minha nem do meu discreto ateÃsmo se em Münster, no século XVI, como em tantos outros tempos e lugares, católicos e protestantes andaram a trucidar-se uns aos outros em nome de Deus - «In Nomine Dei» - para virem a alcançar, na eternidade, o mesmo ParaÃso.» «Os acontecimentos descritos nesta peça representam, tão só, um trágico capÃtulo da longa e, pelos vistos, irremediável história da intolerância humana», explica o autor. «Que o leiam assim, e assim o entendam, crentes e não crentes, e farão, talvez, um favor a si próprios. Os animais, claro está, não precisam.» (Diário de NotÃcias, 9 de Outubro de 1998)