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INFRACCAO, A
978-989-20-5476-6
lua enrola seu corpo em suas fases, ela é quase um cigarro na boca do sol, inunda-o de fumo, água com que apaga o seu incêndio e assim a lua gera a noite como a aurora o dia, a noite como um leito onde os dois se deitam (…) a boca dele enche-se de suas névoas húmidas quase secas, quanto mais longe dele mais ele a fecunda enquanto cisma em suas baforadas, seu corpo branco materno é o parto, o próprio parto, a lua, a lua tapa a sua nudez com a sua alvura, das beatas do sol, dessas centelhas ela faz um crochet, um crochet de cinzas, seus fios de luz e os grãos de pó enfiados em linhas num funil do tempo (…).E dos fios lunares criadores da noite e do Tempo e dos fios de pó da tua casa tua mãe teceu a cortina de renda e tu a assististe em teu próprio parto, teu espÃrito assim soprado da Lua e do Pó. (…) O Tempo hoje é um móvel que anda, como os ciclos das estações se sucedem na Terra, sobre e entre todas as divisões da casa e como o amolador se anuncia através do caracterÃstico assobio para afiar as facas, assim o chiar do carro móvel do Tempo em suas rodas que não rolam nem deslizam exprimem a lâmina rude (…). Na ferida do Tempo Deus não cicatriza ainda as Horas.