IRENE NOME DE PAZ

Há quem passe pela vida sem a viver com paixão e intensidade. Há quem passe pela vida sem a viver com a consciência de querer dar o melhor de si. Há quem passe pela vida sem a viver.
Essas pessoas não se chamam Irene Cruz.
Rebelde, lutadora, apaixonada, versátil, inquieta, progressiva, mas também doce, meiga, sensível e amando a harmonia.
Quando nasceu, a 6 de Setembro de 1943, havia guerra na Europa e Portugal era um país nobre, mas Irene foi recebida com amor e alegria na modesta casa à beira do rio Trancão, na então vila e hoje cidade de Sacavém. Pisou um palco pela primeira vez aos 6 anos e pelos 7 começou a ser parceira do pais nos seus espetáculos de ilusionismo e de declamação de poesia. Com a idade de 15 anos entrou para o Conservatório Nacional, sendo logo convidada para um pequeno papel na peça "A Visita da Velha Senhora" protagonizada por Amélia Rey Colaço na Companhia do Teatro Nacional. A partir dessa noite de estreia, a 7 de Março de 1959, Irene iniciou o seu caminho como actriz, tal como estava escrito nas estrelas e no seu coração. Televisão, cinema e teatro têm sido o seu mundo e a sua vida desde essa altura.
Esteve na fundação do Grupo 4 em 1967 e foi uma das impulsionadoras da construção do velho Teatro Alberto na Praça de Espanha em Lisboa, o qual foi inaugurado em 1983 com o seu grande sucesso na peça "Oiçam como eu respiro". Esteve também na fundação de outro grupo independente, o Novo Grupo, actualmente residente no novo Teatro Alberto, inaugurado em 2002 com a peça "Peer Gynt".
Através das páginas deste livro podemos seguir o percurso de vida de Irene Cruz, partilhar dos seus anseios e ideais, conhecer as suas alegrias e tristezas, vislumbrar a mulher que se metamorfoseia nas personagens que veste e apreciar o modo como sente a sua arte. Nos diálogos entre a autora e Irene que vão surgindo ao longo da obra, confidenciam-se momentos importantes da sua vida e revelam-se segredos de tempos antigos em que a Censura limitava a actividade artística em Portugal.

O nome Irene significa Paz em grego, a língua falada no berço do Teatro.
E aqui se desvenda o segredo maior de Irene Cruz, sussurado pelas entrelinhas e manifestado nas histórias de vida: quem ama aquilo que faz e faz aquilo que ama não pode viver senão em Paz consigo mesmo.