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JARDINS DE CRISTAIS QUIMICA E LITERATURA
Ciencia Aberta nº 209
978-989-616-594-9
Encontram-se aspectos de quÃmica em quase todos os textos literários? Sérgio Rodrigues acredita que sim e, neste livro, mergulha numa multidão de autores, que, como diz João Lobo Antunes no prefácio, «o sábio Mendeleev não conseguiria encaixar em qualquer tabela», e convoca-os para convencer os leitores dessa ideia aparentemente estranha.
Com a ajuda deste livro poderemos procurar indÃcios na literatura de que a quÃmica ajudou a salvar as baleias e tem contribuÃdo para um mundo melhor. Num mundo dependente da quÃmica, mas que parece condená-la à invisibilidade, podemos ir de Homero e da BÃblia a Karl Marx e Ian McEwan, passando por Camões, Camilo Castelo Branco, Victor Hugo, Fiodor Dostoiévski, Miguel Torga e muitos, muitos outros, todos eles ligados pela quÃmica.
Alquimia, venenos, drogas e explosões? Sim, este livro também fala desses clássicos: quÃmica infernal, filhas de mães loucas e demónios em garrafas verdes. Mas o que procura sobretudo mostrar são as pérolas escondidas que documentam a presença da quÃmica numa chama que Novalis dizia ser molhada, numa calma manhã de Verão, num amor trágico, num sonho perdido ou na falta de um medicamento ainda não inventado.
Que leitura afinal fiz deste livro? Eu diria que ele é uma antologia encadeada sem ordem, não arrumando por estilo ou por tema, mas apresentando de forma simples, sem falsa ou intimidativa erudição, exemplos de livros em que abundam, incrustadas, pérolas da quÃmica. Mas também, valendo‑se o autor da ciência que pratica, apontar a omnipresença da quÃmica na vida quotidiana, para o bem e para o mal.
Nesta jornada vamos encontrar «clássicos» e cienÂtistas, autores de «best‑sellers» de aeroporto e poetas, filósofos «puros» e filósofos «polÃticos», enfim, uma multidão que o sábio Mendeleev não conseguiria enÂcaixar em qualquer tabela sistemática. Assim saudamos quem vem à boca de cena: Camilo, Marx, Goethe, Bellow, Eliot, Pauling, Homero, Whitman, Huxley, Nemésio e Gedeão (o outro Rómulo), e tantos outros.
João Lobo Antunes