MISTERIO DO BOLAMA, O

O caso tocou o país, ocupou a imprensa e correu nos tribunais. Até que desapareceu do espaço público, soterrado pela manchete de outra tragédia, pelo impacto de outro processo. Sem culpados, foi encerrado como um mistério, o que acrescentou um suplemento à curiosidade jornalística.

É desse esquecimento que este livro resgata, para a actualidade, aquilo que permanece enigma. E ao empreender este processo – que é o seu primeiro mérito – acaba por arrolar vícios da Justiça, do Estado, do jornalismo e também, diga-se, de uma consciência colectiva que é tão crítica como praticante do desprezo pela lei.

Joaquim Furtado, in Prefácio

O livro O Mistério do Bolama – Acidente ou Sabotagem? é o resultado de uma longa investigação realizada nos últimos anos pelo Jornalista Jorge Almeida da RTP. Vinte e três anos depois do naufrágio que provocou trinta mortos à saída da barra de Lisboa, continua a ser um mistério o que aconteceu naquele fatídico dia de 4 de Dezembro de 1991.

O navio largou para efectuar uma simples experiência de redes e um almoço a bordo para alguns convidados mas acabou por se afundar sem nenhum pedido de socorro. Nos dias seguintes, lançou-se a maior operação de busca e salvamento que existiu em Portugal, tendo inclusive uma fragata rumado para Cabo Verde com forças especiais a bordo, quando se pensava que o arrastão tinha sido sequestrado. A 5 de Fevereiro de 1992, o navio acabou por ser localizado pela Marinha de Guerra Portuguesa, afundado a 130 metros de profundidade, a 8,1 milhas do farol da Guia e a 14,5 milhas do Cabo Espichel.

Tanto a investigação policial como os vários processos que correram nos tribunais não conseguiram dar respostas sobre as causas do afundamento do Bolama. O estado português também se remeteu ao silêncio perante um pedido do governo dinamarquês para a realização de uma operação de mergulho ao navio. Com a ausência de respostas começaram as especulações sobre a falta de estabilidade do navio e sobre a carga que o Bolama transportava: eletrodomésticos… Urânio… Armamento… Uma acção secreta da MOSSAD para intercetar uma carga nuclear?