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Dados do Livro
Mito Dos Jesuitas, O Vol2
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MITO DOS JESUITAS, O VOL2

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Códigos secretos de conspiração, influência junto do poder político, práticas comerciais ousadas, direcção dos tribunais da Inquisição, assassínios de reis e príncipes, artes de vencer e dominar, cultura superior, manipulação das consciências, em especial as femininas, são alguns dos temas fortes da propaganda antijesuítica que fizeram da Companhia de Jesus uma das ordens mais fascinantes, mais misteriosas e mais temidas de sempre. O mito negro dos Jesuítas e do seu fabuloso projecto de dominação universal, a partir das Reduções do Paraguai e da educação dos espíritos, constituem uma das produções mais modeladoras da nossa História e da nossa cultura, que deixou marcas indeléveis em termos de mentalidade e da nossa forma de olhar o passado.

Há muito tempo que as culturas portuguesa e europeia esperavam uma obra que propusesse uma investigação e oferecesse uma proposta de compreensão global das graves controvérsias que fizeram dos Jesuítas a ordem da conspiração por excelência, muito à semelhança do que se propagandeou em relação aos Judeus e do que hoje se divulga sobre o Opus Dei. Os Jesuítas foram responsabilizados, particularmente desde o Marquês de Pombal e até à I República, pelo que de pior aconteceu em Portugal, imputando-se-lhes a responsabilidade pela decadência da ciência e da cultura, pelo atraso português em relação à Europa, pelos fracassos do império ultramarino e pelo obscurantismo e ignorância geral que impediam o país de progredir. Será tudo isto verdade?

Esta obra de José Eduardo Franco traça o percurso dessas longas controvérsias protagonizadas pelos mais relevantes políticos e intelectuais da História dos últimos cinco séculos e propõe uma explicação global para o fenómeno do antijesuítismo que ainda continua a conquistar adeptos nos nossos dias.

«José Eduardo Franco [...] irrompeu abruptamente na historiografia da cultura portuguesa em 1997 com a publicação de Vieira na Literatura Anti-Jesuítica. Séculos XVIII - XX [...]. Livro que subverte a visão cultural racionalista e iluminista dominante desde a publicação dos textos Relação Abreviada (1757), Dedução Cronológica e Analítica (1768) e Compêndio Histórico do Estado da Universidade de Coimbra (1771), orientados pela perspectiva histórica do Marquês de Pombal, prosseguida por Antero de Quental, nas Causas da Decadência dos Povos Peninsulares (1871), e pelos Ensaios de António Sérgio, Sílvio Lima e Hernâni Cidade. [...] JEF, não sendo jesuíta, inicia, 250 anos após a primeira expulsão de Portugal dos jesuítas, o processo de desculpabilização histórica da Companhia de Jesus, evidenciando, de um modo rigoroso e metodologicamente insuspeito, não comprometido ideologicamente com a antiga visão inaciana, um processo de cicatrização de uma das mais fundas chagas sangrentas da história de Portugal. Deste modo, o estatuto da intervenção historiográfica de JEF revela-se necessária para que o novo Portugal europeu vire definitivamente a página de uma historiografia empenhada, comprometida seja com a perspectiva metafísica da cultura portuguesa, cultivada entre a segunda metade do século XVI e os finais do século XVIII, seja com a perspectiva racionalista, positivista e jacobinamente anti-eclesiástica, dominante desde o constitucionalismo de 1820 e enfaticamente assumida como doutrina oficial ao longo da I República.»

Miguel Real
Jornal de Letras


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