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MITO DOS JESUITAS, O VOL2
978-989-616-156-9
Códigos secretos de conspiração, influência junto do poder polÃtico, práticas comerciais ousadas, direcção dos tribunais da Inquisição, assassÃnios de reis e prÃncipes, artes de vencer e dominar, cultura superior, manipulação das consciências, em especial as femininas, são alguns dos temas fortes da propaganda antijesuÃtica que fizeram da Companhia de Jesus uma das ordens mais fascinantes, mais misteriosas e mais temidas de sempre. O mito negro dos JesuÃtas e do seu fabuloso projecto de dominação universal, a partir das Reduções do Paraguai e da educação dos espÃritos, constituem uma das produções mais modeladoras da nossa História e da nossa cultura, que deixou marcas indeléveis em termos de mentalidade e da nossa forma de olhar o passado.
Há muito tempo que as culturas portuguesa e europeia esperavam uma obra que propusesse uma investigação e oferecesse uma proposta de compreensão global das graves controvérsias que fizeram dos JesuÃtas a ordem da conspiração por excelência, muito à semelhança do que se propagandeou em relação aos Judeus e do que hoje se divulga sobre o Opus Dei. Os JesuÃtas foram responsabilizados, particularmente desde o Marquês de Pombal e até à I República, pelo que de pior aconteceu em Portugal, imputando-se-lhes a responsabilidade pela decadência da ciência e da cultura, pelo atraso português em relação à Europa, pelos fracassos do império ultramarino e pelo obscurantismo e ignorância geral que impediam o paÃs de progredir. Será tudo isto verdade?
Esta obra de José Eduardo Franco traça o percurso dessas longas controvérsias protagonizadas pelos mais relevantes polÃticos e intelectuais da História dos últimos cinco séculos e propõe uma explicação global para o fenómeno do antijesuÃtismo que ainda continua a conquistar adeptos nos nossos dias.
«José Eduardo Franco [...] irrompeu abruptamente na historiografia da cultura portuguesa em 1997 com a publicação de Vieira na Literatura Anti-JesuÃtica. Séculos XVIII - XX [...]. Livro que subverte a visão cultural racionalista e iluminista dominante desde a publicação dos textos Relação Abreviada (1757), Dedução Cronológica e AnalÃtica (1768) e Compêndio Histórico do Estado da Universidade de Coimbra (1771), orientados pela perspectiva histórica do Marquês de Pombal, prosseguida por Antero de Quental, nas Causas da Decadência dos Povos Peninsulares (1871), e pelos Ensaios de António Sérgio, SÃlvio Lima e Hernâni Cidade. [...] JEF, não sendo jesuÃta, inicia, 250 anos após a primeira expulsão de Portugal dos jesuÃtas, o processo de desculpabilização histórica da Companhia de Jesus, evidenciando, de um modo rigoroso e metodologicamente insuspeito, não comprometido ideologicamente com a antiga visão inaciana, um processo de cicatrização de uma das mais fundas chagas sangrentas da história de Portugal. Deste modo, o estatuto da intervenção historiográfica de JEF revela-se necessária para que o novo Portugal europeu vire definitivamente a página de uma historiografia empenhada, comprometida seja com a perspectiva metafÃsica da cultura portuguesa, cultivada entre a segunda metade do século XVI e os finais do século XVIII, seja com a perspectiva racionalista, positivista e jacobinamente anti-eclesiástica, dominante desde o constitucionalismo de 1820 e enfaticamente assumida como doutrina oficial ao longo da I República.»
Miguel Real
Jornal de Letras