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MULHERES E A GUERRA COLONIAL, AS
978-989-626-645-5
Rezaram e fizeram promessas por eles. Escreveram-lhes centenas de aerogramas, adiando o amor, à s vezes sem volta. Tornaramse madrinhas de guerra de homens que nem sequer conheciam. Foram com eles para o território desconhecido de Ãfrica, que amaram ou odiaram, ou resignaram-se a esperar por eles, com filhos nos braços. Voaram para os resgatar do mato, onde chegaram mesmo a morrer por eles, e organizaram-se, com maior ou menor cunho ideológico, para lhes aliviar a saudade, enquanto apoiavam as suas famÃlias. Arriscaram por eles, protegendo-lhes a retaguarda, contestando a guerra, desertando sem saberem quando voltariam ao seu paÃs, mergulhando na clandestinidade e aderindo à luta armada, sujeitas à s sevÃcias da polÃcia polÃtica e perdendo a juventude nas masmorras da prisão. Trataram deles quando voltaram, mutilados e traumatizados, e habituaram-se a amar homens diferentes daqueles com quem haviam casado. Cada uma à sua maneira, as protagonistas deste livro foram pioneiras, desbravando caminhos outrora vedados à s mulheres. Mães, irmãs, filhas, amantes, companheiras, amigas, muitas mulheres viveram a guerra colonial como se também elas tivessem sido mobilizadas. Depois da guerra, também para elas nada foi como dantes.