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No preâmbulo a uma entrevista feita a Daniel Jonas, publicada no suplemento Ãpsilon do jornal Público a 08.01.2014, escrevia António Guerreiro que «[¿] a poesia de Daniel Jonas atravessa tempos diversos: o clássico, o romântico, o moderno, numa apoteose de rastos e linhagens que comparecem subtilmente. Nela encontramos, no mais alto grau, a ideia da linguagem poética como concentração e densidade. Ela é hábil nos jogos retóricos e de palavras, mas nunca deixa que isso se torne um exercÃcio fútil e gratuito.» Tudo isto é confirmado por «Nó», um livro de sonetos e o primeiro de Daniel Jonas a ser publicado pela AssÃrio & Alvim.
Do ventre da baleia ergui meu grito:
Senhor! (dizer teu nome só é bom),
Em fé, em fé o digo, mesmo com
Um coração pesado e contrito
Que és de tudo verdade e não mito,
O coração do amor, de todo o dom,
Conquanto seja raro o bem e o bom
E toda a luz aqui me falhe, és grito
Que chama toda a chama de esperança
E acorda a luz que resta à réstia eterna,
Conquanto viva o mártir na espelunca
Da vida (quem espera amiúde alcança):
Possa o nazireu preso na cisterna
Sofrer de ser só tarde mas não nunca.