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PLATAO AS ARTIMANHAS DO FINGIMENTO
Passagens nº 48
978-972-699-940-9
Em sua disputa por hegemonia, a filosofia platónica procedeu à desqualificação moral e ontológica de práticas com as quais rivalizava no mundo grego: a sofÃstica, a retórica, a poesia e a pintura. A partir de então, estabelecida a partilha entre o ficcional e o não-ficcional, a mimesis passou a ser inexoravelmente associada ao sedutor brilho do falso, que não deixou de exercer fascÃnio sobre os filósofos. Em pleno século XXI, cabe repensar esse tema, investigando as implicações dos gestos inaugurais da filosofia ocidental. Só desse modo poderemos dimensionar, com maior precisão, até que ponto somos ainda deles tributários. É nesse sentido que propomos aqui uma leitura do breve diálogo platónico Ãon, no qual, de modo ardiloso, a condenação da poesia se apresenta, curiosamente, sob o manto de sua sacralização.