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SABIA NA GAIOLA
978-972-780-251-7
Um homem foge do seu nome. E a vida foge-lhe, por sua vez. Fecha o mundo em fotografias; fecha as lembranças em imagens. Perde-se na fuga por todos lugares: de Lhasa, no Tibete, a Timbuktu, no Mali; dos planaltos do Ü a Llanfairpwllgwygyllgogerichwyrndrobwllllantysiliogogoch;
de Bobo-Dioulasso a Djodjakarta. Os nomes chamam-no. Mas não há viagem mais longa do que a que faz por dentro de si mesmo. A pouco e pouco, a doença faz com que vá perdendo os gestos. E, depois, perderá a memória, as sensações e as palavras. Um homem desmanchado. Um homem que vai deixando de ser homem. À medida que a morte se aproxima, tudo se mistura numa voz solitária, cada vez mais distante e confusa. Sobra o medo que para lá do nada continue a ser o nada. E que o pássaro tenha também perdido o gesto de voar. Um pássaro que tenha deixado de ser pássaro.