SEARA NOVA

A revista Seara Nova desenvolveu, durante mais de meio século, um interessante trabalho de fundamentação, esclarecimento e pedagogia democráticas.
Reuniu ao longo dos seus 58 anos de existência ( 1921-1979 ) uma larga plêiade de colaboradores que se estenderam do campo do pensamento filosófico e científico ao da doutrinação política, do da literatura ao da reflexão pedagógica, envolvendo intelectuais de diversas gerações tão prestigiadas como Raul Brandão, Jaime Cortesão, António Sérgio, Aquilino Ribeiro, Rodrigues Lapa, Raul Proença, Augusto Abelaira.
Abel Salazar, não tendo pertencido à Direcção de Seara Nova, foi um dos seus importantes e assíduos colaboradores nos domínios da sua multifacetada actividade.
A sua atitude de intelectual de intervenção só poderia torná-lo interlocutor atento no movimento seareiro, mas também de acentuada actuação intervencionista a diversos níveis da sociedade portuguesa.
Faz pois, todo o sentido que a Casa-Museu de Abel Salazar tenha privilegiado, no âmbito da sua actividade de dinamização cultural em torno da personalidade e da obra polimórfica de Abel Salazar, a organização, em parceria com a Câmara Municipal de Matosinhos, de um colóquio de reflexão sobre a revista Seara Nova, tanto mais quanto a amplidão da revista tem impedido, até ao momento, a realização de trabalhos de conjunto e/ou de largo fôlego capazes de lhe apreender o espírito na sua diversidade e longevidade.
Racionalidade, Democracia, Europeização: são três conceitos à volta dos quais se propõe pensar hoje a revista Seara Nova e através dela revisitar a obra de Abel Salazar.