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SER JORNALISTA EM PORTUGAL PERFIS SOCIOLOGICOS
978-989-616-434-8
O jornalismo português foi palco, durante o último quarto de século, de profundas transformações das quais avultam uma acentuada feminização e uma considerável elevação do nÃvel de habilitações académicas. A uma primeira fase de expansão, traduzida pela escalada do número de jornalistas, seguiu-se uma fase de estagnação e de recessão marcada pela diminuição do emprego e pela instabilidade das relações de trabalho. Assiste-se, então, à crescente exploração do estagiário, a quem se acena com a promessa, mais ou menos remota, de uma integração nos quadros da empresa e à multiplicação de contratos a tÃtulo precário.
Mas quem são, afinal, estes jornalistas? Seguindo uma metodologia aplicada em França por um grupo de sociólogos dirigido por Pierre Bourdieu, entrevistaram-se 47 profissionais da comunicação social, escolhidos em função de perfis-tipo previamente traçados. Célebres, uns. Anónimos, outros. Recolheram-se, assim, histórias de vida narradas na primeira pessoa: imagens guardadas da época em que os entrevistados encetaram a sua actividade profissional; referências, crenças, opiniões, modelos de comportamento. Abordaram-se questões como: Qual a origem social dos jornalistas portugueses? Quais as estratégias de promoção social que desenham, num mercado particularmente saturado? Como visualizam a sua profissão? E o futuro desta? Como gerem as relações hierárquicas no interior das empresas onde trabalham? E as relações com os «colegas de ofÃcio»? Que normas, ético-deontológicas, perfilham? Como se posicionam face à polÃtica? E face à religião?
O jornalista não existe: existem jornalistas – na sua diversidade, com as suas contradições, os seus conflitos, as suas aspirações, as suas desilusões. Ser Jornalista em Portugal restitui-nos essa realidade multifacetada de uma profissão tão admirada quanto zurzida.