SOLIDARIEDADE NOS SECULOS A CONFRATERNIDADE E AS OBRAS

A Santa Casa da Misericórdia do Porto é a instituição privada de caridade e solidariedade social mais antiga da cidade do Porto e uma das mais antigas do país, tendo completado 510 anos de existência em 2009. Para a sua criação convergiram diversas vontades: a do Rei, a do Bispo, a da Câmara e evidentemente a vontade dos cidadãos e homens do povo. O lema que a todos congregou ficou expresso na carta de D.Manuel: «Pêra se as obras da misericórdia averem de cumprir.» Ao longo de mais cinco séculos, a Misericórdia do Porto dedicou-se ao cumprimento daquele programa - que, sendo intemporal, nunca deixou de ser actual. Embora as necessidades do ser humano em dificuldade sejam substancialmente as mesmas ao longo dos tempos, o modo de as sentir, de as exprimir e de as socorrer pode variar. O cuidado dos doentes, sobretudo dos doentes pobres, foi uma constante, mas a fome, a sede, o frio, o desabrigo, a velhice desamparada, o abandono de crianças, a violência, a ignorância foram outros desafios de sempre a que a Santa Casa procurou dar resposta eficaz, criando obras adequadas a cada época e a cada situação, para as quais pôde contar com doações e ofertas muito generosas. Para além da acção social e de benemerência, a Misericórdia do Porto acumulou um valiosíssimo património artístico, cultural e documental que importa estudar e conhecer. Provavelmente a Sociedade não tem conhecimento de toda essa abundância de realizações e de obras que a Santa Casa foi agilizando. Não se podendo afirmar que a sua história está inteiramente por fazer (seria injusto ignorar os contributos enormes dados por muitos investigadores, entre os quais sobressai Artur de Magalhães Basto), começa a ser urgente acumular novos materiais de investigação histórica para se poder vir a construir, em futuro próximo, uma História Geral da Misericórdia do Porto que contemple todos os seus institutos, que são muitos. Foi nesse contexto que a Santa Casa da Misericórdia do Porto organizou, nos dias 2 e 3 de Julho de 2009, na Casa de Vilar, o seu I Congresso de História, cujas actas se publicam neste livro.