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TEMPO DE VESPERAS
972-46-1290-2
Crescer e envelhecer e finalmente despedidos.
Contemporâneos por acaso, sem poder escolher os vizinhos.
Nem da vida nem da morte. Uma época qualquer.
Uma hora de acaso.
E ali está cada um.
Aquela é a experiência. Ou sim ou não. Cada um é único.
Tem aquele encontro com o descontentamento que se aprende e repete.
Porque nada serve. Nem coisas, nem plantas, nem bichos, nem homens.
É tudo para substituir. Fica o momento breve da tentativa. Uma só oportunidade.
Que não se repete. Fugaz. Improvável. Mas sem renúncia.
Diz a Lenda que foi há muito tempo. E hoje. E amanhã. As vontades apodrecidas. Os sonhos gastos. Os projectos esgotados.
A morte na alma. E as mãos vazias. Nem vontade. Nem esperança. Nem desejo. Até que, segunda a Lenda, se ouviu uma flauta.
Um jovem tocador que tudo sobressalta. Que purifica. Arrastando os ratos para longe.
Levando a vida às almas. A força à cidade. A dignidade a todos.
Foi uma vez, há muito tempo. E hoje. E sempre. Porque a salvação passa pelo berço de um menino. A purificação vem da juventude. Tocando uma nova melodia. Que a terra entende. Que os céus escutam. Foi assim, numa velha cidade. Há muito tempo. E hoje. E sempre.