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VIAGEM DO TANGOMAU, A
978-989-644-198-2
«Não vás!» Foi o que lhe disseram todos os veteranos daquela guerra quando ele disse que iria preparar uma viagem até Xaianga e territórios limÃtrofes. Chegara a hora da reconciliação plena. Pretendia cumprimentar um povo que o trata por Branco de Missirá, iria percorrer todos os trilhos e picadas, estradas e atalhos, em todas as regiões onde combatera, havia mais de 40 anos.
Advertiram-no vezes sem conta que não se deve viajar sozinho, tal o peso das emoções, os vencedores e os vencidos daquela guerra consideram-se mal tratados e abandonados, seria um choque imenso depois daqueles dois anos de provação ir encontrar um paÃs ao abandono, talvez combatentes enraivecidos. Aliás, mal ele anunciara que queria ir abraçar a gente do seu «chão» e todos os seus antigos soldados, abrira-se terreno para todas as especulações: N´Baké vem buscar-nos, N´Baké vem trazer pensões para os combatentes, N´Baké vai levar os nossos filhos e os nossos netos para terem trabalho e estudarem… quando chega N’Baké?
O Tangomau é um ser que quando chega a adulto passa a viver entre a civilização dos brancos e os mistérios mais profundos das culturas nativas, numa avenida ou rua qualquer da tal civilização dos brancos, sente cheiros tropicais, deslumbra-se com o arvoredo da floresta de galeria, não teme a cobra verde nem a surucucu, é capaz de ficar pasmado diante do poilão sagrado, está sempre a pedir papaia e água fresca da fonte…
Quarenta anos depois, o reencontro com a Guiné e com as suas gentes. A reconciliação incansavelmente procurada e finalmente alcançada.