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VIVA MAXICO
978-989-671-053-8
«A Europa está morta e eu sou europeia. Ou, mais exactamente, do Velho Mundo. Ao fim do primeiro dia na Cidade do México, a levitar como se me tivesse dissolvido na multidão, vi que sou do Velho Mundo. E ao longo de três semanas a viajar pelo México, do deserto de Chihuahua à selva do Yucatán, vi como sou do Velho Mundo.
O México dá vontade de chorar, um choro de séculos em que não percebemos porque choramos, se somos nós que choramos, se não seremos nós já eles. Nunca, em lugar algum, me pareceu que tudo coexiste, tempos e espaços, cimento e natureza, homens e animais, até aceitarmos que o nosso próprio corpo faz parte daquela amálgama acre, ligeiramente ácida, de pele suada com muito "chile".
Octavio Paz descreve os mexicanos como o mais solitário dos povos, perpetuamente incapaz de transpor e ser transposto. Por isso, e por tudo e por nada, existe a "fiesta". É uma necessidade orgânica, a descarga.
Este Novo Mundo começa no extermÃnio, e isso há-de significar qualquer coisa. No tempo indÃgena significa que o extermÃnio histórico faz parte do presente.»
Alexandra Lucas Coelho